domingo, 17 de março de 2013

A Arte Gótica

No século XII, entre os anos 1150 e 1500, tem início na Europa uma economia fundamentada no comércio. Isso faz com que o centro da vida social se desloque do campo para a cidade e apareça a burguesia urbana.
Neste contexto, desenvolve-se uma arte, também voltada para o espírito religioso cristão. Esse estilo desenvolveu-se principalmente na França e é identificado como a Arte das Catedrais ou Arte Ogival.
A origem do termo "gótico" é relacionada aos Godos, que foi escolhido pejorativamente pelos italianos renascentistas, fazendo uma referência ao povo bárbaro de origem germânica que invadiu o Império Romano e causou grandes destruições. Porém, antes de sua designação como Gótico, o estilo era conhecido como arte francesa.


Arquitetura

Catedral de Notre-Dame. Paris.

No começo do século XII, a arquitetura predominante ainda é a românica, mas já começaram a aparecer as primeiras mudanças que conduziram a uma revolução profunda na arte de projetar e construir grandes edifícios.
A primeira diferença que notamos entre a igreja gótica e a românica é a fachada. Enquanto, de modo geral, a igreja românica apresenta um único portal, a igreja gótica tem três portais que dão acesso à três naves do interior da igreja: a nave central e as duas naves laterais.
A arquitetura expressa a grandiosidade, a crença na existência de um Deus que vive num plano superior; tudo se volta para o alto, projetando-se na direção do céu, como se vê nas pontas agulhadas das torres de algumas igrejas góticas.

Rosácea
A rosácea é um elemento arquitetônico muito característico do estilo gótico e está presente em quase todas as igrejas construídas entre os  séculos XII e XIV.  Outros elementos característicos da arquitetura gótica são os arcos góticos ou ogivais e os vitrais coloridíssimos que filtram a luminosidade para o interior da igreja.
As catedrais góticas mais conhecidas são: Catedral de Notre Dame de Paris e a Catedral de Notre Dame de Chartres.

Arcos ogivais

Escultura

Detalhe esculturas da Catedral de Reims. Paris.
As esculturas estão ligadas à arquitetura e se alongam para o alto, demonstrando verticalidade, alongamento exagerado das formas, e as feições são caracterizadas de formas a que o fiel possa reconhecer facilmente a personagem representada, exercendo a função de ilustrar os ensinamentos propostos pela igreja.

Pintura

Expulsão de Joaquim do Templo. Giotto di Bondone. Afresco, 200 x  185cm, Séc. XIV. Cappella Scrovegni (Arena Chapel), Padua
A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XII, XIV e no início do século XV, quando começou a ganhar novas características que prenunciam o Renascimento. Sua principal particularidade foi a procura do realismo na representação dos seres que compunham as obras pintadas, quase sempre tratando de temas religiosos, apresentava personagens de corpos pouco volumosos, cobertos por muita roupa, com o olhar voltado para cima, em direção ao plano celeste.
Os principais artistas na pintura gótica são os verdadeiros precursores da pintura do Renascimento (Duocento ou Pré-Renascimento):

Iluminura

Uma letra "P" capitular iluminada
na Bíblia de Malmesbury, um livro
manuscrito medieval.
Iluminura é a ilustração sobre o pergaminho de livros manuscritos (a gravura não fora ainda inventada, ou então é um privilégio da quase mítica China). O desenvolvimento de tal gênero está ligado à difusão dos livros ilustrados patrimônio quase exclusivo dos mosteiros: no clima de fervor cultural que caracteriza a arte gótica, os manuscritos também eram encomendados por particulares, aristocratas e burgueses. É precisamente por esta razão que os grandes livros litúrgicos (a Bíblia e os Evangelhos) eram ilustrados pelos iluministas góticos em formatos manejáveis.
Durante o século XII e até o século XV, a arte ganhou forma de expressão também nos objetos preciosos e nos ricos manuscritos ilustrados. Os copistas dedicavam-se à transcrição dos textos sobre as páginas. Ao realizar essa tarefa, deixavam espaços para que os artistas fizessem as ilustrações, os cabeçalhos, os títulos ou as letras maiúsculas com que se iniciava um texto.
Da observação dos manuscritos ilustrados podemos tirar duas conclusões: a primeira é a compreensão do caráter individualista que a arte da ilustração ganhava, pois destinava-se aos poucos possuidores das obras copiadas, a segunda é que os artistas ilustradores do período gótico tornaram-se tão habilidosos na representação do espaço tridimensional e na compreensão analítica de uma cena, que seus trabalhos acabaram influenciando outros pintores.
Veja outras iluminuras na web.

Vitrais

Vitrais góticos (conhecidas como "paredes de vidro")

Os vitrais tiveram seu apogeu na arte gótica. As “paredes de vidro” surgiram quando as paredes deixaram de ter função de sustentação, e inicialmente os fragmentos de cores diferentes eram unidos com chumbo, formando as figuras. Nas igrejas góticas, as abóbadas eram apoiadas nos pilares ou colunas de sustentação. Com a utilização desse novo tipo de apoio, as grossas paredes e pequenas janelas da arquitetura românica desapareceram e deram lugar a paredes mais leves preenchidas com grandes vitrais, que proporcionaram uma iluminação peculiar à igreja gótica.
Jesus Cristo na ultima Ceia - Catedral de Chartres - Paris.

Sendo mais trabalhosa que a técnica dos mosaicos, por meio de tiras de vidro, os fragmentos de formas variadas que acompanhavam os contornos de seus desenhos eram bastante adequados ao desenho ornamental abstrato. Todavia, na composição de um mestre o quebra-cabeça das peças de chumbo e vidro conseguia transformar-se em figuras de uma monumentalidade imponente.
Veja outros vitrais na web.

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