Na
França, Napoleão Bonaparte decretou o Bloqueio Continental (que proibia a
compra e venda dos produtos europeus pelos ingleses, deixando Portugal em uma
difícil situação), por esse motivo, Dom João VI teve que viajar as pressas para
o Brasil antes que as tropas napoleônicas invadissem Portugal. Dom João VI e
sua comitiva chegaram ao Brasil em 1808, aportando primeiramente em Salvador –
BA, que estava com seu porto abarrotado de navios carregados de mercadorias,
como: fumo, açúcar e outros produtos da colônia, sendo deteriorados, e dessa
forma os navios não poderiam atracar nos portos de Lisboa, que se encontravam
ocupados pelos franceses, motivo pelo qual, Dom João VI resolveu abrir os
portos brasileiros às nações amigas. Essa abertura foi o que proporcionou a
entrada de artistas no país. No mesmo ano, Dom João VI chega ao Rio de Janeiro,
a cidade necessitava de melhorias, pois seria a nova sede do império português.
Muitas medidas foram tomadas para conquistar a simpatia dos ricos: foram
distribuídos vários títulos de nobreza, liberação e instalação de indústrias,
criação do Banco do Brasil, fundação de escolas de medicina, Biblioteca, Imprensa
Régia, estradas, o arsenal da marinha, incentivou a produção de ferro e a
construção de manufaturas siderúrgicas.
- Joachin Le Breton - crítico e historiador de arte, chefiou a missão;
- Grandjean de Montigny - arquiteto, primeiro reitor da Academia de Belas Artes;
- Nicolas Antoine Taunay - pintor de paisagens;
- Auguste Marie Taunay - escultor (irmão de Nicolas Taunay);
- Jean-Baptiste Debret - pintor de fatos históricos, considerado "a alma da Missão";
- Charles Simon Pradier - gravador (gravurista).
Ainda faziam parte desse grupo um professor de mecânica e muitos auxiliares como: serralheiros, ferreiros construtores navais, carpinteiros, fabricante de carros e outros práticos de vários ofícios.
No
início, os integrantes da Missão foram hostilizados pelos artistas brasileiros,
por imporem um modelo de ensino acadêmico europeu diferente da realidade
brasileira, esse fato gerou grande polêmica, retardando por dez anos a
inauguração da Real Academia de Pintura,
Escultura e Arquitetura, hoje, Escola
Nacional de Belas-Artes. Com a chegada da Missão, houve uma renovação no
plano cultural, principalmente com a introdução do estilo Neoclássico[1],
que buscava abandonar os exageros do barroco e os excessos ornamentais do
Rococó[2],
ignorando a fé e a religião. Evidentemente que o neoclassicismo apresenta
princípios fixos, regras específicas para a criação artística, produzindo obras
como modelo que aspiravam alcançar um valor de universalidade. É também
conhecido como academicismo, porque
os princípios estéticos se baseavam na restauração das formas do classicismo
greco-romano, adotados pelas academias oficiais da Europa, tendo vigorado no
Brasil até o início do século XX, quando aconteceu a Semana de Arte Moderna.
Dentre os artistas da Missão Artística
Francesa os que mais se destacaram foram:
- Nicolas Antoine Taunay
(1755-1830) foi o grande pintor da Missão e um profundo admirador das paisagens
cariocas, participou de várias exposições na Europa, onde era o preferido na
França por Napoleão. No Rio de Janeiro, construiu sua casa afastada do centro
da cidade para ficar mais perto da natureza, que o inspirava demasiadamente,
como podemos observar nas telas intituladas Largo da Carioca e Morro de
Santo Antonio, ou ainda em alguns retratos da família real.
Cena de Carnaval (entrudo). Debret, Litografia, 1823. |
- Jean-Baptiste Debret
(1768-1848) artista premiado na Europa, veio para o Brasil, onde realizou uma
obra em três volumes chamada: Viagem
Pitoresca Histórica do Brasil, com 156 desenhos mostrando a vida rural, os
índios e costumes brasileiros. Fez ainda desenhos da flora brasileira, de
escravos e de índios, também foi professor de pintura da academia, onde
realizou em 1829 a primeira exposição de arte no Brasil, sendo, portanto o
artista da Missão que mais se afastou dos temas neoclássicos.
Retrato de Grandjean de Montigny. Augusto Müller.
Depois
de inaugurada a Academia e Escola de Belas-Artes, gradativamente os artistas
estrangeiros foram sendo substituídos por seus discípulos luso-brasileiros.
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